Os muros de uma casa na Rua Timóteo da Costa, no Leblon, escondem um problema ambiental num dos endereços mais nobres da Zona Sul. Após denúncias de moradores de um condomínio próximo da residência oficial do cônsul-geral dos Estados Unidos, técnicos da Cedae descobriram que a canalização de esgoto da casa era ligada à rede de águas pluviais. O problema foi identificado pela Cedae em agosto de 2011, mas, passados oito meses, o conserto ainda não foi feito. O prazo para os americanos tomarem providências expirou em março, após ser prorrogado (em dezembro). Na quinta-feira, a Cedae denunciou o caso ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea).

A decisão da Cedae toma por base a lei estadual 3.467/2000, que confere ao Inea a responsabilidade de decidir as punições por qualquer ação — intencional ou não — que cause danos ao meio ambiente. A legislação prevê desde advertência a multas. Ontem, o Inea preferiu não se manifestar, porque ainda estudará o caso.

Depois que sai da casa do cônsul, o esgoto corre até as galerias pluviais que atravessam os jardins entre os dois blocos do Condomínio Vivenda Onze, na Rua Engenheiro Cortes Sigaud. O administrador do condomínio, Walter dos Santos, reclama da demora dos americanos para resolver o caso. Ele lembra que, em correspondência enviada ao condomínio em 21 de dezembro de 2011, um representante do consulado dos EUA havia prometido solucionar o problema em 45 dias — ou seja, até fevereiro.

— O cheiro pode ser sentido inclusive dentro de alguns apartamentos. E eles não cumpriram o prometido. Argumentam que dependem da liberação de recursos. Isso é inconcebível — reclamou Walter dos Santos.

Em nota, o consulado dos EUA confirmou a existência da ligação de esgoto nas galerias pluviais. Mas negou responsabilidade pelo problema, alegando não haver mudanças na rede desde que a casa foi construída, em 1955. Sem dar prazos, informou que as obras custarão US$ 35 mil (cerca de R$ 64 mil). Mas a liberação do dinheiro depende de autorização de Washington. “O consulado geral dos EUA no Rio tem conhecimento do problema desde 2011 e pede desculpas pelos transtornos (…) O projeto está em fase de aprovação. O consulado solicitou urgência ao escritório em Washington responsável pela manutenção das instalações do governo dos EUA em todo o mundo. Em 26 de março, obteve aprovação para o financiamento. Atualmente, o plano está em processo de revisão técnica final pelos engenheiros do governo dos EUA (…) Assim que o projeto for finalmente autorizado, os recursos forem aprovados e recebidos pelo consulado, o prazo para a conclusão da obra é de 45 a 60 dias”, informa a nota.

A versão oficial é diferente da que consta de um e-mail enviado em 2011 ao condomínio, no qual um engenheiro do consulado informa ter havido uma reforma na canalização de esgoto em 2008. Mas o funcionário negava que a obra tivesse interferido na rede que passa no condomínio.

Fonte: Extra