Quando visto do presente, o futuro tem muitas facetas.  Pode variar do apocalítico ao high-tech, dependendo do assunto em questão e do humor da fonte de previsões.  Para a vida condominial nos próximos 20 anos, as expectativas não são tão fatalistas, mas apontam para um cenário: o de ganho de eficiência.
“Quando falamos em anos, não podemos deixar de pensar em tecnologia.  O condomínio é um conjunto de pessoas.  Por isso, imagino que haverá uma interação muito grande por meio de redes sociais”, opina a presidente da Associação Brasileira de Administradoras de Imóveis (Abadi), Deborah Mendonça.
Ela acredita na universalização das assembleias virtuais nos conjuntos.  O instrumento online, que permite o acompanhamento das reuniões condominiais à distância, está disponível hoje principalmente em edifícios atendidos por grandes empresas de gestão imobiliária.
O acesso remoto de dados, inclusive por dispositivos móveis, deve se tornar tendência, de acordo com especialistas.  Para eles, a mudança gradual rumo a ambientes virtuais trará desafios às administradoras para o fornecimento imediato de informações e o rápido esclarecimento de dúvidas dos clientes.
De outra perspectiva, o vice-presidente da Associação das Administradoras de Bens e Condomínios de São Paulo (Aabic), Fábio Kurbhi, crê que a automação nos conjuntos contribuirá para a redução dos custos mensais de operação – hoje, os pagamentos de funcionários comprometem de 40% a 60% dos orçamentos nos condomínios.  ”Haverá uma revolução tecnológica”, prevê.
Kurbhi aposta na utilização crescente de opções tecnológicas como elevadores inteligentes, que economizam energia quando não usados, portas com travamento programado e novos equipamentos de monitoramento.  ”Em alguns prédios comerciais de última geração já há a ativação automática do sistema de ar-condicionado. “
Recursos. O diretor de projetos do Grupo Itambé, Audrey Ponzoni, vislumbra um futuro baseado na sustentabilidade, capaz de driblar a escassez de recursos energéticos.  ”A medição individual de consumos deverá ser obrigatória. É provável que as lâmpadas atuais não sejam mais aplicadas, sendo substituídas por LED, pois essa tecnologia começa a avançar no mercado, com preços mais competitivos. “
Para ele, a maior necessidade de controle vai requerer mais estímulo à participação dos condôminos na gestão predial.
“A relação custo/benefício dos serviços aplicados nos empreendimentos deverá ser analisada constantemente e em conjunto à massa condominial, buscando-se racionalizações. “
Outras soluções hoje pouco difundidas, como os sistemas de carregamento de baterias veiculares nas garagens, podem, ganhar espaço, de acordo ele.  ”O aumento do trânsito demandará maior espaço para guarda de bicicletas, e poderão ser criados serviços de uso coletivo de veículos, movimento que já se fortalece na Europa”, acrescenta
Em São Paulo, a dificuldade de locomoção incentivará o aumento da prestação de serviços pagos nos empreendimentos, na opinião do especialista em incorporação Ricardo Grimone.  ”Entendo que a autossuficiência
(dos edifícios) seja cada vez mais necessária. É preciso que a pessoa consiga morar, trabalhar em um espaço muito pequeno.  E que o condomínio ofereça isso. “
Para tornar viável a previsão, Grimone considera indispensável a criação de infraestrutura nos prédios para o recebimento de prestadores de serviços: “Esse movimento que a pessoa tem de fazer hoje para chegar ao profissional vai mudar.  E a estrutura predial terá de ser pensada para atender essa demanda”, avalia.
As edificações também têm potencial, segundo ele, para transformá-las em instrumento para captação e reúso de água.  ”Os condomínios têm grandes áreas horizontais e verticais.  A fachada poderia ser usada para receber placas de captação de energia solar”, avalia.
Fonte: Estadão