A segurança tem sido a maior preocupação de quem mora nas grandes cidades brasileiras e, ultimamente, também de quem reside em condomínio. Nas últimas semanas, foram inúmeras as reportagens em jornais e revistas, sobre o assunto, em vista do aumento do número de edifícios assaltados por quadrilhas especializadas.

A transformação de condomínios em fortalezas eletrônicas aumenta, por certo, o sentimento de segurança dos moradores, porém nem sempre é eficaz na hora em que tais equipamentos são exigidos, pois sua eficiência depende do elemento humano que os controla. Além disso, como demonstrado, o custo de instalação e operação de tal  “infernalha” pode chegar à casa de dezenas de milhares de reais, quantia inviável para a quase totalidade dos prédios.

Existe, porém, uma maneira simples e prática de aumentar a segurança dos condomínios sem onerar os proprietários. A solução é tão singela que parece até risível. Trata-se da implantação de um programa de reciclagem e venda do lixo produzido pelos moradores do prédio. É isso mesmo. Explicamos melhor.

Como demonstrado em inúmeros relatos, uma das maiores vulnerabilidades da segurança em edifícios é a falta de preparo dos funcionários, decorrente do pouco tempo que ficam no emprego, provocado pela baixa remuneração recebida (entre outros fatores). Só age com eficácia, por exemplo, o porteiro que conheça cada um dos residentes no prédio, que saiba distinguir quem é visita de quem é estranho. Também o conhecimento das pessoas entre si ajuda a manter a coletividade protegida contra ameaças externas.

Pagar melhores salários, treinar continuamente os funcionários, motivá-los, evitar a rotatividade, impedir também a rotina indulgente, são medidas que ajudam a melhorar o escudo invisível que envolve o edifício, além de outros aspectos como uma boa iluminação, ausência de plantas e árvores na faixa de 0,5 a 2,0 metros de altura (atrás das quais alguém poderia se esconder), uso de cores claras, visibilidade total. Tudo isso, porém, custa dinheiro.

Um programa de reciclagem e venda do lixo produzido pelos moradores, além de ser social e ecologicamente correto, trará recursos para a implantação de medidas de segurança a todos. Sugerimos que pelo menos 50% da receita obtida com a venda do lixo seja destinada a um fundo em favor dos empregados, com distribuição anual. Isto fará com que diminua a troca de funcionários, sem aumentar as responsabilidades trabalhistas do condomínio. O resto da receita pode ser utilizado em treinamento, em compra de cal ou tinta para manter despichada a rua em frente, e assim por diante.

Em Curitiba, centenas de condomínios já fazem a reciclagem e venda do lixo. Separando papel (revistas, jornais), vidro, metal (latinhas de cerveja), plástico (embalagens), conseguem de R$ 100,00 a R$ 200,00 por mês, ou até mais, dependendo do número de unidades autônomas, sem maior esforço. Se parte beneficiar diretamente os funcionários, não será preciso muito esforço de convencimento para a implantação do programa.

Em suma, caro leitor: recicle o lixo de seu condomínio, destine parte da renda para o bônus anual dos funcionários, invista o saldo em ações voltadas à proteção do prédio. Com empregados mais estáveis, melhor treinados e motivados, todos estarão efetivamente mais seguros no condomínio. Sem aumentar o valor da cota de rateio mensal.